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Paola Antony

B'Arte no ar: EP de artistas independentes do DF mistura funk/soul com rap, samba e música caipira.

Narayana Teles



 

A arte nos leva ao imaginário, nos tira um pouco da realidade sem esquecer dela. Mistura, agrega, reúne amigos, cria coletivos. Foi assim, através da arte, que surgiu o coletivo de artistas independentes de regiões administrativas do Distrito Federal com o propósito de divulgar sua música e ser remunerado com ela. Por que não?

Bart Almeida, dançarino e produtor fonográfico, é o representante desse coletivo. Criou o Selo B’Arte Produção, em 2012, a partir do edital Coletivo Ideia, com patrocínio do Ministério da Cultura. Com o Selo, veio a concretização de produções musicais, como o EP de cinco faixas, B’Arte no Ar, um trabalho cheio de personalidade e disponível nas principais plataformas de streaming. A ideia do EP surgiu da vontade de fazer música de break com pegada brasileira, revela Bart Almeida, que possui graduação em dança e atua também como professor.

Lançado em outubro de 2023, o EP é uma iniciativa de empreendedorismo coletivo advindo da música e que mistura vários estilos: funk/soul com rap, samba e música caipira, combinados em um BPM (batidas por minuto) de 120, conhecido como um breakbeat. Segundo Bart Almeida, produtor do EP, “As músicas são baseadas em referências. As pessoas vivenciam experiências e isso reverbera em suas vidas. Cabe ao compositor, intérprete ter sabedoria e responsabilidade para gerar, promover, ainda que minimamente, reflexões na mente do ouvinte”. Por isso, Bart considera importante abordar temáticas que são urgentes e necessárias à sociedade brasileira, como o combate ao racismo. “Não sou negro, mas como pessoa e artista defendo a causa antirracista. É difícil poetizar a luta do negro, escancarar uma ferida. É importante poetizar através da melodia, fixar na cabeça das pessoas o sentimento do que é sofrer racismo neste país”, comenta o artista.

Bart Almeida reflete e afirma que não dá para pensar na arte de modo separado, ela não trabalha sozinha. Confessa que faz música já pensando em como será dançada, como ela afetará as pessoas. Procura levar sua arte de domínio maior e uma complementar, pois acredita na pluralidade das coisas. Considera, por exemplo, a multiarte como um caminho de possibilidades, de novidades. Um sonhador que se envolve na arte de maneira coletiva, conjunta, mas com as lentes envoltas de realidade.

 

Faixa a faixa do EP B’Arte no Ar:

Faixa 1 - “Falo a Verdade”, apresenta uma mistura de MPB com freestyle (improvisação);


Faixa 2 - "De Rocha Remix", uma homenagem a Luiz Gonzaga, o rei do Baião, a música conta a história de uma neta que retorna do ambiente urbano à essência do sertão nordestino;


Faixa 3 - "Set de Laje", inspirada pela musicalidade da capoeira, destaca o berimbau como instrumento guia. Dona Rayla traz sua "ginga faceira" enquanto canta sobre a diversão descontraída que ocorre nas lajes das periferias;


Faixa 4 - "Goiana", com influência da música caipira brasileira, evoca a vida do campo e o som da viola. Jhonatan Alastro compõe sobre uma figura feminina inspirada em Goiânia;


Faixa 5 - "Pé na Porta”, inspirado em Cartola e no samba, é um desabafo sobre a discriminação racial. A faixa reflete a experiência pessoal de Jhonatan Alastro enfrentando segregação em locais públicos.

 

A Rádio Eixo conta com o fomento do FAC - Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal


 

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