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Yago Quiñones Triana

Clandestino cigano!

Programa Clandestino 146 – Música cigana

 

Nota 1

Está começando nesse momento aqui na Rádio Eixo mais um Programa Clandestino, lembrando que o Programa Clandestino, na temporada de 2024, é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FAC-DF.

E a gente começou escutando a música Gelem Gelem, cantada pela grandíssima Esma Redzepova, que não é outra coisa que o hino do povo cigano, o hino do povo rom, ou roman. Porque devemos lembrar que nos últimos anos o povo rom tem liderado uma campanha para abandonar definitivamente a denominação cigano, já que é uma denominação com uma etimologia relativamente errada, já que quer dizer “aquele que vem do Egito”, o que é historicamente errado. Mas também porque em muitas culturas, em muitos países que eles ocupam, o termo cigano é usado também como um adjetivo ofensivo. Então nesse Programa usaremos ainda a denominação cigano porque é por muitas pessoas reconhecido e ainda muito difundido, mas é importante talvez prestar atenção ao desejo de parte importante dessa grande cultura, dessa grande nação, para começar a ser chamados rom ou romani que também é um nome da língua que eles utilizam.

Vamos então dedicar esse nosso Programa um pouco a cultura desse importantíssimo povo, povo milenar que vem lá do norte da Índia, onde começa sua caminhada muitos anos atrás, muitos séculos atrás e vai chegar a ocupar grande parte do continente europeu, desde a Índia chegando até a Espanha e também chegando em outros países, é importante a comunidade romaní, também aqui no Brasil. E essa importante caminhada do povo rom, que começa na India e acaba na Espanha, é contada pelo belíssimo filme Latcho  Drom, dirigido pelo diretor Tony Capliff, que realmente é uma tese, é um hino, é uma homenagem ao povo cigano, é uma homenagem musical. Belíssimo documentário, que em parte inspirou esse Programa. Aliás, nesse nosso primeiro bloco, vamos escutar algumas músicas tiradas, as duas primeiras músicas desse nosso primeiro bloco, são tiradas desse belíssimo documentário musical. Onde se pega um pouco desse sentir cigano, que é um povo familiar, um povo extremamente gregário, muito mexido pelo sangue, pela família, pela herança, pela união das famílias, pela comunidade, da vida, da comunidade.

E isso se demonstra muito bem no filme e também na música do povo cigano, que então vai surgir lá no norte da Índia e vai começar a sua movimentação e vai marcar praticamente a cultura de todos os países que vai ir ocupando, onde vai ir trazendo a sua cultura e enriquecendo a cultura desses países que ocupa. Vamos então, nesse nosso primeiro bloco, escutar um pouco de música cigana que vai ser tocada por orquestras localizadas na Bulgária, na România. E uma caraterística para se perceber já é a virtuosidade dos seus instrumentos, especialmente o violino, entre outros, a alegria e essa identidade cigana que vai se notar em toda essa demonstração de cultura e da música. Vamos começar então esse nosso Programa Clandestino dedicado ao povo rom, ao povo romaní, como sempre, aqui na Rádio Eixo.

 

Nota 2

Continuamos nosso Programa Clandestino dedicado ao povo, à cultura romaní. Como vocês já podem ter escutado, talvez ter percebido, a música rom se caracteriza por uma grandíssima virtuosidade, e é uma música extremamente popular. Alguns dizem que é uma música empírica, realizada por pessoas que não têm uma formação acadêmica tradicional. Mas, na verdade, a música rom é caracterizada também por ter grandíssimas figuras, grandíssimos exponentes que são reconhecidos inclusive fora da sua própria cultura, por importantes compositores de música clássica como Franz Liszt e também Brahms, que reconheceram sempre essa importância da cultura cígama. Vamos então ter um segundo bloco, escutando alguns exemplos desses grandes artistas reconhecidos e queridos que se destacaram pela participação em grandes orquestras ou pela interpretação de instrumentos de difícil execução.

Vamos escutar então o grande Roby Lakatos, que é reconhecido também dentro da música clássica. Grigoras Dinicu, que é reconhecido também como um grande intérprete do violino. E Kalman Balogh que interpreta o simbal, o simbal cigano, que é um instrumento de cordas que se toca com baquetas com uma sonoridade extremamente particular. Howard Fry, que toca o mandolin, outro instrumento de cordas muito característico da música cigana. Tchavolo e Dorado Schmidt, que vão tocar também a guitarra. E fecharemos o nosso bloco escutando o importantíssimo Django Reinhardt tocando Django's Tiger. Django Reinhardt, importantíssimo músico cigano, que tocava o violão e a guitarra elétrica e que realmente modificou a história do jazz. Alguns são dizem que foi uns dos criadores de uma vertente, um subgénero do jazz, que seria o jazz cigano. Realmente é uma figura muito importante lá na França, onde trouxe uma transformação e uma interpretação da guitarra do jazz totalmente inovadora. E fecharemos escutando Yusca Demer cantando a música Kalinka, talvez conhecida por alguns de vocês, na interpretação do violino, que talvez é o instrumento mais característico da música cigana do centro da Europa. É o Programa Clandestino de música cigana, de música ron, aqui, como sempre, na Rádio Eixo.

 

Nota 3

Continuamos nosso Programa Clandestino esperando um pouco da riqueza, da grandiosidade, da música e da cultura cigana. Vimos um pouco da influência da música cigana nas orquestras, incluindo o reconhecimento de alguns compositores de música clássica. Mas a música cigana na sua riqueza, na sua variedade, também é muito reconhecida por um ritmo que é chamado Balkan e que ficou, aliás, muito conhecido na Europa, um pouco ao redor do mundo, graças ao filme do Emir Kusturica Underground e que traz um pouco dessa música cigana e que tem a base daquelas grandes orquestras muito alegres, com um ritmo extremamente rápido, um pouco sincopado.

Vamos então escutar nesse nosso terceiro bloco um pouco de exemplos desse tipo de orquestração, desse tipo. E música de origem cigana, que é a música balcânica, e que realmente tem as características bem particulares que são demonstradas, inclusive, nesse filme do Emir Kosturica, que depois do sucesso do filme, funda sua própria banda, a No Smoking Band. Mas a gente vai começar escutando Goran Bregovich, precisamente, com a música Kalashnikov, que foi a música mais conhecida desse filme e que foi uma música icônica que realmente lançou no mercado, na World Music, no mercado da música folklorica mundial, à música balcânica. Escutaremos, então, nesse nosso bloco, outros exemplos desse tipo de música, escutando inclusive o próprio Emir Kosturica, a música Cerveza, onde dá para escutar no começo um trechinho de uma narração de futebol, para demonstrar que o próprio Kusturica e, um pouco, toda a população da região dos Balcãs é extremamente torcedora do futebol.

E continuaremos escutando alguns exemplos desse tipo de música balcânica para demonstrar que é uma música global, é uma música que funciona muito bem no mundo todo, quase. Vamos fechar o bloco, inclusive, escutando a banda, banda Conmoción lá do Chile, trazendo um exemplo de como em Latino-américa esse tipo de música funciona muito bem. Aqueles países que têm cultura de fanfarra, que têm cultura de música de rua, podem dialogar muito bem. E inclusive criar um diálogo com as Diabladas da Bolívia, com ritmos andinos, ritmos de carnaval indígena, e com as influências da música balcânica e se criar, realmente, uma mistura extremamente interessante. É o Programa Clandestino de cultura e música romaní, aqui, como sempre, na Rádio Eixo.

 

Nota 4

E vamos chegando no final da nossa viagem, na última parada da viagem do povo cigano, chegando na Península Ibérica, chegando na Espanha. Já passamos um pouquinho pelo centro da Europa, pelos Balcãs, e vamos chegando na Espanha, onde a cultura cigana é extremamente importante, como todos vocês sabem, e se demonstra basicamente a cultura do flamenco, que tem nesse movimento inclusive ao redor dessa música e a cultura do flamenco.

A relação entre o povo cigano e o Flamenco tem inclusive atualmente provocado uma discussão extremamente interessante, porque há quem diz que o flamenco na verdade não é uma criação do povo cigano, porque já existiam todas as bases musicais e culturais da música flamenca, já existia na Espanha, e que não seria uma criação do povo cigano. Evidentemente, esse posicionamento radical não é outra coisa que mais um exemplo da segregação, do racismo e da forma de tratar o povo cigano, que aconteceu durante muitos anos na Espanha, inclusive contando com o extermínio físico desse povo, não só na Espanha, mas também na Segunda Guerra, e enfim, é mais um exemplo desse tipo de atitude. Porque, sim, realmente é quase impossível falar que o flamenco foi uma criação exclusiva do povo cigano, já que tinha muitas outras influências. Falar que eles não tiveram nada a ver no processo, realmente é uma exageração e uma posição muito redutiva. Agora, também falar que o flamenco é uma exclusividade do povo cigano e que ninguém, que não seja cigano, pode executar e pode falar de flamenco e nem pode interpretar o flamenco, já seria o posicionamento contrário.

Que o povo cigano tenha uma participação extremamente importante do flamenco é inegavel e que sem o povo cigano não existiria flamenco é real. Que o povo cigano como cultura e como influência cultural na Espanha tem autoridade para falar do flamenco e que é necessário reconhecimento total dessa importante participação do povo cigano, nessa expressão da cultura que hoje é cultura Espanha, é um fato. Mas, vamos então escutar um pouco de flamenco, de cultura cigana localizada na Espanha. Temos muitos artistas para escolher e escolhemos alguns especialmente representativos que mandaram um pouco essa ideia do que a influência cigana na cultura de Espanha. Começaremos o último bloco escutando a música Cielito Lindo, que inclusive flerta com uma tradição mexicana, cantada pela importantíssima La Niña de los Peines, que inclusive é reconhecida por alguns críticos como a cantora mais importante de Flamengo, inclusive por cima de Camarón de la Isla, por isso achamos interessante trazer-la.

Escutaremos também Manitas de Plata para trazer um pouco da virtuosidade da interpretação da guitarra, da guitarra cigana, Antônio de la Manela, com a música Jali Jali, e vindo um pouco mais para os nossos tempos Israel Fernandes com a música Yo voy. E continuaremos com a interpretação belíssima da música La Luz, por Maria José Llergo, uma jovem cantora cigana que se caracteriza precisamente pela mobilização, pela mobilização política, pelo interno político que ela faz pelo reconhecimento do seu povo e da sua cultura. Continuaremos escutando a Soleá e Estrela Morente, que trazemos porque são duas representantes de uma tradicionalíssima família de ciganos, uma tradicionalíssima família de músicos de origem cigana, lá na Espanha, com a música El pañuelo, e fecharemos o nosso Programa Clandestino com uma música ao vivo extremamente interessante, pois se trata da interação ao vivo do importantíssimo músico de origem cigana, David Dorantes, um pianista que mistura um pouco das suas raízes ciganas com a música clássica, o piano, numa interação que ele faz com a bailaora, aquele baile flamenco que utiliza um pouco dos pés para criar basicamente um instrumento de percussão. Eles dois fazem uma interação muito interessante ao vivo entre o piano com influências ciganas e a percussão do baile cigano. Isso para fechar o nosso Programa Clandestino dedicado à música cigana, à cultura cigana, a música e a cultura rom ou romaní, aqui como sempre no Programa Clandestino e na Rádio Eixo.

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