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Yago Quiñones Triana

Clandestino paraguaio!

Programa Clandestino 151 – Paraguai

 

Nota 1

Está começando nesse momento mais um Programa Clandestino aqui da Rádio Eixo, lembrando que o nosso Programa Clandestino em 2024 é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FACI-DF.

E dessa vez vamos dedicar o nosso Programa Clandestino, como temos feito em outras ocasiões, à música, à cultura, ao povo de um dos nossos países vizinhos. Dessa vez vamos dedicar o nosso Programa à música e à Cultura do Paraguai, e para isso recebemos ajuda fundamental, ajuda indispensável do músico, cantor, intérprete, compositor do Paraguai, Adrián Morínigo Villaba, quem nos recomendou várias músicas, recomendou uma parte importante do repertorio, além de dar um contexto geral da cultura, da música paraguaia e alguns conceitos importantes da história da música, da história do Paraguai, pelo qual lhe agradecemos desde já.

E a gente começou escutando nesse nosso Programa a importantíssima música Pájaro Campana, composta pelo Félix Pérez Cardoso, reconhecido compositor, reconhecido músico muito associado com o instrumento da arpa, da qual falaremos mais para frente, que é fundamental dentro da cultura e da música do paraguaia, essa música talvez é a música paraguaia mais reconhecida, com certeza é a música paraguaia mais gravada ao redor do mundo pela sua versatilidade e pela sua beleza. Vamos começar esse nosso primeiro bloco falando um pouco de um ritmo tradicional, de um ritmo único do Paraguai, a Guaránia, que é um ritmo que foi criado por um músico específico, por um músico muito reconhecido, o José Asunción Flores. É um dos poucos casos nos quais é completamente possível identificar o começo, o início, a criação, a gestação de um ritmo musical, e o seu autor, o seu inventor, que é o José Asuncion Flores, figura fundamental dentro da cultura paraguaia, com uma história de vida inclusive bem interessante, já que ele era um menino faminto, um menino que estava na rua, foi roubar um pão por causa da fome e foi preso, digamos entre aspas, era uma criança muito pequena, foi levada para a estação da polícia, e lá praticamente adotado, entra na banda da polícia e descobre a sua facilidade com a música.

Começa a compor, começa a criar suas peças musicais, até um dia decidir o que precisava fazer: criar o seu próprio ritmo musical, que fosse, digamos assim, 100% paraguaio. Já que existia a polka, que é um ritmo europeu, mas na sua versão paraguaia, polka paraguaia, mas ele queria criar um ritmo totalmente autóctone, depois de muito trabalho, ele, entre aspas, inventa a Guaránia, que é um ritmo fundamental e do qual escutaremos alguns exemplos, algumas demonstrações nesse nosso primeiro bloco. Mas vamos começar esse nosso primeiro bloco rendendo uma homenagem ao Adrián, ao nosso amigo que nos convidou a fazer esse Programa, que nos trouxe várias informações, agradecendo pela sua amizade, escutando uma música precisamente dele que se chama Amante de la Luna e continuaremos escutando algumas Guaranias fundamentais, algumas Guaranias icônicas do José Asunción Flores, começando pela música India, que talvez é a música dele mais conhecida, a música dele talvez mais difundida. E continuaremos escutando uma interessantíssima música chamada Gallito Cantor, que foi gravada pela orquestra sinfônica da União Soviética. Isso mesmo, porque o José Asunción Flores, foi perseguido na época das ditaduras, na ditadura do Paraguai. Saindo do Paraguai começa a viajar, começa a percorrer o mundo. E lá, na União Soviética, ele tem um importante recebimento. E a rádio estatal da União Soviética, a orquestra estatal da União Soviética, grava não só essa música de Gallito Cantor, mas tem uma série e várias gravações do José Asunción Flores, que ficaram registradas lá na ex-União Soviética. Isso para demonstrar o reconhecimento desse importantíssimo autor.

E continuaremos o nosso Programa Clandestino, escutando música, Mis Noches Sin Ti, do Demetrio Ortiz, outra música importantíssima também, em ritmo de Guarania, e fecharemos esse nosso bloco, escutando a música Lejos do grupo Los indianos. É o Programa Clandestino, escutando música do Paraguai, escutando um pouco de Guaránia. Aqui, como sempre, na Rádio Eixo.

 

Nota 2

E continuamos nosso Programa Clandestino dedicado à música e à cultura do Paraguai. Depois de escutar alguns exemplos de importantes autores, de importantes músicas no género da Guaránia, vamos continuar escutando alguns exemplos de polka paraguaia, que é outro género importantíssimo, muito reconhecido. E vamos começar esse nosso segundo bloco com uma das polkas mais conhecidas do repertório paraguaio, que é a música da Galopera, de Mauricio Cardozo Campo, do qual podem ser encontradas diversas versões muito diferentes entre si. Escutaremos a versão de Luís Alberto de Paraná, que também é muito importante, e continuaremos escutando a música Recuerdos de Ypacaraí, vamos escutar a versão de Rolando Ojeda, mas é uma música que também tem muitas versões. É uma música muito conhecida que extrapola com certeza a fronteira do Paraguai, embora muitas vezes a gente escuta a música e não saiba exatamente que é uma música paraguaia, tanto assim que o Caetano Veloso já gravou essa música, fez a sua própria adaptação. E continuaremos nessa mesma linha escutando uma outra música tradicional paraguaia, Paloma Blanca, que ficou muito conhecida pela sua versão do espanhol Julio Iglesias, sem que muitas pessoas soubessem que na verdade é um ritmo, é uma música tradicional do cancioneiro paraguaio.

E continuaremos esse bloco escutando algumas músicas tocadas com a arpa, porque a arpa é por muitos reconhecida como o instrumento nacional do Paraguai. Não é claramente um instrumento nascido, um instrumento autóctone paraguaio, ele veio junto com os missionários jesuítas que, nas missões, lá na fronteira também do Brasil, lá no Uruguai também, na região das missões, que tem uma parte importante no Paraguai, os missionários jesuítas que trouxeram a sua cultura. Montaram aquelas orquestras formadas por indígenas, e começou aquela tradição que misturava um pouco os instrumentos e as composições europeias com o sentido, com a habilidade, com a capacidade dos indígenas de interpretar e de criar. Pois bem, com a arpa, no Paraguai acontece mais ou menos a mesma coisa. A arpa é claramente um instrumento trazido da Europa, mas que no Paraguai toma algumas características especiais, especificamente pela madeira, algumas madeiras específicas paraguaias que dão uma sonoridade única, e os produtores de arpas paraguaias têm feito algumas transformações técnicas, também algumas transformações estéticas que fazem da arpa paraguaia um instrumento próprio.

E é realmente o instrumento central do folclore paraguaio, nas escolas de música tradicional é talvez o instrumento que mais se aprende, é o orgulho nacional. E hoje em dia tem várias escolas, tem muitas criancinhas, muitas crianças aprendendo a tocar a arpa paraguaia, inclusive as cores das cordas levam as cores da bandeira paraguaia, isso demonstrando o orgulho que tem o paraguaio pela sua arpa tradicional. Escutaremos então alguns representantes importantíssimos dessa tradição da arpa paraguaia. Começando com a música Carretaguy do Luiz Bordón. E continuaremos escutando outro clássico, Vuelo de pájaro, pelo importantíssimo intérprete de arpa, Nicolás Caballero. E continuaremos com a música Tren Lecheiro, também interpretado no instrumento da arpa, uma composição do Félix Cardoso. E fecharemos escutando uma música interpretada dessa vez no violão, a guitarra, que é também um outro instrumento importante dentro da cultura paraguaia, escutaremos a música Danza Paraguaia, interpretada por Juan Cancio Barreto, mostrando assim que os instrumentos de cordas são fundamentais, são centrais na música e na cultura do Paraguai. E o Programa Clandestino escutando música do Paraguai, falando um pouco da música do Paraguai, aqui, como sempre, no Programa Clandestino da Radio Eixo.

 

Nota 3

Continuamos nosso Programa Clandestino explorando um pouquinho da variedade da música e da cultura do Paraguai. E para além desses ritmos fundamentais, a polka paraguaia e a Guaránia tem outras variações, tem outras misturas de ritmos e tradições que enriquecem a cultura do Paraguai. Tem um ritmo musical particular chamado Purahei Jaheó em guarani. Devemos lembrar que o Paraguai é um país praticamente bilíngue, as pessoas falam espanhol e falam quase todas também o guarani, além de outras línguas indígenas. Mas praticamente a maior parte da população fala o guarani e fala o espanhol como língua materna. Tem vários ritmos, tem várias músicas cantadas precisamente nessa língua indígena viva. Tem alguns ritmos, algumas tradições musicais, especialmente no interior, fortemente enraizadas na população local. Vamos escutar então um dos representantes mais importantes, mais populares desse ritmo musical, que seria traduzido de alguma forma como canto choroso, cantar choroso. É o Quemil Yambay que vai trazer a música Lidia Mariana que, apesar do título, do nome em espanhol, é uma música cantada totalmente em guarani. E continuaremos nossa viagem musical escutando a música Mineiro Sapukai, cantada pelo grupo Vocal Dos.

E continuaremos explorando a riqueza da produção artística musical de Paraguai. Outro ritmo surgido da cabeça de um músico, assim como a tradição da Guaránia, que é uma invenção, digamos, de José Asuncion Flores, tem outro grande músico, Oscar Nelson Safuan, que inventa o ritmo da Avanzada, que seria uma modernização dos ritmos do Paraguai. Alguém disse que seria uma resposta talvez um pouco a Bossa Nova, e ele cria um movimento artístico, cria um ritmo musical, e vai ter algumas músicas importantes lançadas, entre elas vamos escutar Nacionales número 1, que era essa proposta estética, essa proposta musical realmente original e bem particular.

E continuaremos escutando alguns exponentes do que seria a nova canção latino-americana na sua versão paraguaia, conhecida como o novo cancioneiro no contexto da nova canção latino-americana apresentada por algumas figuras, talvez a mais reconhecida delas, a Mercedes Sosa, na metade, segunda metade do século XX. No Paraguai teve também alguns exponentes importantes desse movimento, dessa proposta. Escutaremos então algum deles, escutaremos o Ricardo Flecha com a música Nde Rendape Aju, claramente o título em língua guarani, e continuaremos escutando a música Despertar de Manco Galeano, dois representantes desse movimento do novo cancioneiro paraguaio. É o Programa Clandestino paraguaio, o Programa Clandestino com um pouco de guaraní, como sempre, o Programa Clandestino da Rádio Eixo.

 

Nota 4

Continuamos no quarto bloco do Programa Clandestino dedicado à música do Paraguai, à cultura do Paraguai, que não é simplesmente tradição, que não é simplesmente música da ancestralidade, mas tem muitos novos artistas, muitos novos compositores, muitos novos cultores que olham para o passado e respeitam tradições, mas misturam com pouco com a estética contemporânea, com instrumentos e ferramentas contemporâneas. Vamos dedicar, então, esse nosso bloco a esses novos artistas que refrescam um pouco a cultura do Paraguai. E começaremos com a importantíssima cantora Marivi Vargas, que é também uma ativista, uma espécie de figura política em defesa da tradição, da música tradicional do Paraguai, cantando música – peço desculpas pelo meu fraquíssimo guarani – Cho Membi Ramo Rapabu, que em espanhol seria Eles se levaram a nossos filhos. E continuaremos com a cantora Jazmim de Paraguai, com a música Ñemboki, uma música que realmente traz um pouco dos ritmos tradicionais, mas com uma versão bem contemporânea. E continuaremos escutando Purahei Soul junto com Roscer Diaz, que trazem a música Purahei de mi tierra, que não seria outra coisa que um mix, uma mistura de polkas paraguaias. E fecharemos esse nosso bloco de contemporâneos, de artistas jovens contemporâneos, mas que cultuam a música tradicional com o grupo Terra Adentro, cantando a música Viajando Voy, é o Programa Clandestino de música paraguaias, de música e folclórica tradicional, mas mais contemporânea. Aqui no Programa Clandestino.

 

Nota 5

E a música paraguaia não é somente tradição, não é somente folclore, tem também outros representantes, tem também o diálogo com outros ritmos e com outras culturas, vamos fechar esse nosso Programa, trazendo alguns exemplos e umas figuras interessantíssimas desse tipo de musicalidade. Vamos começar escutando a René Ayala e o Ensemble Campanelas, que trazem essa interessantíssima experimentação de ritmos tradicionais, especialmente de vento, com instrumentos mais modernos e dialogando evidentemente com o Rock. René Ayala é realmente um pesquisador muito reconhecido no Paraguai, que pesquisa basicamente instrumentos de vento autóctones, mas teve seu passado também flertando com o Rock, o Rock progressivo, é um importante pesquisador que traz essa interessante música. E continuaremos escutando o Rolando Chaparro também, uma figura interessante no panorama musical do Paraguai, trazendo essa música Kamba King, que realmente é mais um jazz, é mais uma sonoridade mais contemporânea, mais moderna. E fecharemos com dois grupos clássicos de rock do Paraguai, muito importantes. Vamos escutar a música, Volverás mi amor yo te esperaré do grupo Blue Caps, que talvez é um dos grupos mais importantes do Rock do Paraguai, e fecharemos com o nosso Programa, com a música Acción de Asumir, do grupo Revolber, dois exemplos de Rock paraguaio, dois exemplos de grupos que entraram no que foi o boom do Rock em espanhol sul-americano, latino-americano, que no Paraguai também teve os seus exponentes importantes.

Isso para demonstrar a grandíssima riqueza da música e a cultura do Paraguai, que começou lá quando chegaram os instrumentos europeus trazidos pelos jesuítas que estão em diálogo com a cultura e com a sensibilidade dos indígenas locais. O mesmo Paraguai que depois transformaria a polka também europeia e criaria ritmos próprios como a Guaránia, ritmos próprios como a Avanzada e que chegaria a fazer também experimentações com ritmos tradicionais, e que teria e tem também os seus próprios grupos de Rock. É o Programa Clandestino dedicado à cultura e à música do Paraguai aqui, como sempre, no Programa Clandestino da Rádio Eixo.

 

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