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Paola Antony

Indiana Nomma

Atualizado: 17 de nov. de 2022



Indiana Nomma é uma cantora que despontou em Brasília e hoje vive no Rio de Janeiro. É uma intérprete versátil e dona de uma voz grave muito interessante. Inclusive, Indiana vem sendo reconhecida como representante do jazz mundial. A cantora coleciona, ao longo de seus 22 anos de carreira, três CDs produzidos e lançados por ela, além de muitas histórias para contar.

Paola Antony – Indiana, você tem uma história com o exterior, não tem? Dois dos seus discos foram gravados em inglês e eu sei que você canta também em espanhol, inclusive você desenvolve um trabalho como intérprete de Mercedes Sosa. Conta para a gente como é a história desse seu trânsito pelo mundo e por que a escolha de cantar em outros idiomas?

Indiana Nomma – Eu, ao contrário do que as pessoas às vezes acham, que sou da Índia, por causa do nome Indiana, não sou de lá. Indiana é nome próprio mesmo. Então, a história é: Indiana é nome próprio e Indiana Nomma é nome artístico. Sou filha de brasileiros, mas nasci em Honduras, fiquei 10 meses em Honduras; depois fui para o México, morei lá por dois anos; em Portugal, dois anos; na Nicarágua, quatro anos; na Alemanha Oriental, quatro anos; e aí vim parar no Brasil. Nessa de vir para o Brasil é que comecei a estudar a língua portuguesa realmente, em 1987. Acabou que toda a minha história musical foi calcada em cima dessa multiplicidade cultural. Eu me expresso de uma forma emocional em português, de outra forma completamente diferente em espanhol e em inglês é musicalidade, porque a língua facilita demais esse processo da musicalidade.

Paola Antony – Indiana, quando você veio para o Brasil, você veio para Brasília, tanto que, em seu primeiro CD, as músicas são, em sua maioria, de compositores do DF, não é?

Indiana Monna – Exatamente. Só há duas músicas que não são. Uma delas é de um compositor suíço, que mora nos Estados Unidos há muitos anos, em parceria com uma mexicana que eu achei superinteressante, para fazer esse link da língua inglesa com o espanhol, que é a música Esso, mas as outras foram todas de compositores de Brasília. Era um disco que tinha uma mística, um encosto que estava me atrapalhando por muitos anos e, quando eu resolvi finalmente, eu quero os compositores de Brasília, é assim que eu vou fazer, bati o pé tanto que deu certo e as pessoas amam esse disco.

Paola Antony – Desse disco, que tem seu nome como título, que música você sugere que a gente escute juntos aqui no Cumbuca?

Indiana Nomma – Ah, eu acho bacana a gente ouvir Maré de Sorte, eu amo essa música, é uma oração, abre o disco. Amo porque Maré de Sorte é uma oração para você mesmo, para você dizer que hoje você está com tudo e o mundo que o aguarde. Essa música é da Ângela Brandão, de Brasília, e eu sou completamente apaixonada pela obra dela.

Paola Antony – Indiana, e sua dedicação à obra de Mercedes Sosa, como você leva isso? O que significa esse trabalho para você?

Indiana Nomma – Faz 20 anos que apresento esse tributo a Mercedes Sosa, o show, né? Eu tenho muito orgulho desse produto como sendo uma das grandes vertentes da minha vida, mas que não é, digamos assim, o produto do ganha-pão. É um produto por que tenho muito carinho e amor por poder fazer com todo respeito e com toda alma que esse projeto merece. Há 20 anos, eu o apresento e, de 2016 para cá, passei a apresentá-lo fora do Brasil, fui para a Itália e para a Alemanha, mas o desafio foi ter ido no ano passado para a Argentina, porque eu tinha muito medo de ir para a Argentina cantando Mercedes Sosa, porque ela é um dos maiores ícones do país.

Eu estava no Rio de Janeiro quando um músico me assistiu num show, um músico argentino que estava na plateia e que me pediu para cantar uma música da Mercedes Sosa, porque ele ficou sabendo que uma semana antes eu havia feito um tributo a ela na sala Baden Powell e eu cantei Gracias a la Vida para ele, naquele show bem menor. Estabelecemos contato e, seis meses depois, eu estava indo para a Argentina me apresentar com ele no Teatro Ópera. Gracias a la Vida tem essa proposta de falar graças a essa vida que me deu tanto, me deu os dois olhos para enxergar, me deu a possibilidade de ver meu amor na multidão, imagina? A gente esquece de agradecer. Para de reclamar e passa a agradecer, esse é o recado dessa música.



A entrevista completa de Indiana Nomma para o Cumbuca está em áudio, com uma seleção musical que percorre sua carreira e que pode ser conferida no SoundCloud da Rádio Eixo.



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