João Ferreira, além de desenvolver seu trabalho autoral, atua como arranjador, produtor e diretor musical em diversos CDs e DVDs bem-sucedidos. Graduado em música pela Universidade de Brasília, é integrante da Orquestra de Violões de Brasília desde 2003 e professor de violão popular na Escola de Música de Brasília desde 2008.
Como músico e produtor musical, trabalha com artistas de renome, como Clodo Ferreira e a banda Natiruts, além de vários outros importantes artistas brasilienses. João Ferreira foi indicado ao Grammy latino como diretor musical do álbum Natiruts Acústico. Possui também um Disco de Platina e um DVD de Ouro.
Paola Antony – E, aí, João, como estão as coisas, como é que você está se virando com a pandemia?
João Ferreira – Pois é, a pandemia foi meio difícil para todo mundo, né? Eu tinha muitos planos para esse ano, tinha bastante coisa programada para acontecer, mas acho que, dentro do contexto, estou conseguindo ficar numa boa por causa do trabalho na Escola de Música. A escola está funcionando on-line, com aulas virtuais, e eu acho que está sendo uma coisa muito boa esse desenvolvimento, mesmo que forçado. A gente se desenvolver a distância está sendo uma coisa boa. Aproveitamos para revisar muitas coisas e essa questão do ensino a distância já era uma ideia da gestão que está na escola, que é o Davson, diretor da escola, e o Daniel Baker, vice-diretor. Eles já tinham apresentando uma intenção de ter uma parte do nosso curso em EAD, educação a distância, usando essas tecnologias. Acabou que a gente está organizando muita coisa on-line para a escola e acho que isso vai ficar. Quando acabar a pandemia, a gente vai ter esse ganho.
Paola Antony – Que legal, João. Bom saber disso. E no que diz respeito à sua produção musical, porque você tem algumas frentes de atuação, não é? Tem seu trabalho no Natiruts e também o trabalho solo de pesquisa de violão. Como está essa parte da vida?
João Ferreira – O Natiruts, na pandemia, deu um tempo nas atividades de show, obviamente, fez e está fazendo algumas gravações no estúdio, mas é um trabalho que, nesse primeiro momento, diminuiu e agora está voltando com mais força, mas os shows, ainda não há nada programado. Em relação aos violões, há esse trabalho com o Vinícius Vianna, a gente gravou um disco, que foi lançado em 2016, chama-se Dois Violões. Nele há algumas composições, nossas releituras de arranjos mais ligados ao violão erudito, fizemos também uma leitura um pouco mais popular de algumas músicas e agora a gente acabou de gravar o segundo disco, que vai se chamar Baião de Corda. Esse disco está pronto, só falta finalizar algumas coisas em relação à liberação das músicas e finalizar a arte também.
A gente está querendo lançar o disco mesmo antes da retomada total dos shows, lançar esse material, que vai ser um segundo disco nosso. Também há algumas composições autorais e algumas releituras, só que esse tem uma característica, esse nome Baião de Corda é porque a gente dedicou todo ele a ritmos nordestinos. Gravamos frevo, maracatu, xote, ijexá; fizemos uma pesquisa de ritmos nordestinos, uma coisa que veio naturalmente. Depois do primeiro disco, fizemos algumas apresentações e fomos nos identificando com isso, com essas levadas, com esses ritmos. Vinícius fez um frevo muito legal, eu também tenho minhas raízes nordestinas e, aí, a gente foi levando o trabalho para esse lado e resolvemos gravar nessa estética.
Paola Antony – João, além desse seu trabalho com o violão e com o Vinícius, e também como professor, como você abriu a nossa conversa falando, há o fato de você ser produtor musical e arranjador de algumas bandas, entre elas, a Natiruts, que é uma banda muito legal aqui de Brasília, e na qual você também toca, não é?
João Ferreira –É, a Natiruts é uma banda bem representativa de Brasília. Bem, eu conheço obviamente desde o começo, daqueles shows no final da década de 90, bem na minha época de colégio, e a acompanhei muito, mas muito tempo mesmo. Depois, produzi um disco, o primeiro disco que produzi, que foi o da Luciana Oliveira, uma cantora de Brasília que me convidou para fazer a produção do disco dela. Na época ela era backing do Natiruts e foi durante a produção desse disso que conheci o Alexandre em uma sessão de gravação. A gente conversou um pouco, ele fez uma participação no disco da Luciana e ficou esse contato. Alguns anos depois desse dia, eles resolveram produzir um DVD acústico, pegando algumas músicas da banda e fazendo esse formato acústico e, nesse momento, ele me convidou para fazer a produção do disco. Ele queria que fosse um produtor violonista para explorar essa sonoridade de violão e de música brasileira. Eu entrei, na verdade, para fazer uns arranjos, mas, além de arranjos, acabei indo tocar no dia da gravação, fui fazer uns shows com eles também e estou aí até hoje.
Paola Antony – João, explica para a gente como é o trabalho do produtor musical.
João Ferreira – Cada produtor acaba trabalhando de um jeito, não existe um padrão. O produtor musical atua como um arranjador e também dirigindo as gravações, acompanhando a mixagem das músicas, até mesmo ajudando a definir qual vai ser o estilo da música, qual a estética musical que vai ser apresentada, quais músicas vão para o disco. Por exemplo, no acústico, eles já tinham uma discografia extensa e a gente tinha de pegar daquele universo vinte e poucas músicas que a gente julgasse que iam compor melhor o disco. São essas pautas: repertório, estilo, arranjos. Há produtor que é mais arranjador, uns atuam mais no estúdio, na hora de gravar opinam sobre a sonoridade, cada um tem seu estilo.
A entrevista completa de João Ferreira para o Cumbuca está em áudio, com uma seleção musical que percorre sua carreira e que pode ser conferida no SoundCloud da Rádio Eixo.
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