Narayana Teles
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“Você encontra a história e a história dentro de você falando, você encontra a sua voz na história, sendo a autora do seu próprio discurso. As habilidades que eu utilizo na contação de histórias estão carregadas da experiência que eu trago do teatro”.
O título original desperta curiosidade. Trata-se da performance da artista Paula Yemanjá, que transita nas linguagens da cena e da literatura, atuando principalmente como contadora de histórias e como atriz. O nome Mnemosine vem da mitologia grega. Foi uma das primeiras deusas, era a deusa da memória, filha de Urano e Gaia, nascida ao mesmo tempo que Lete, que personifica o esquecimento. Uma existe a partir da outra, ambas se complementam. A memória existe para combater o esquecimento.
Nesse intuito, a artista Paula Yemanjá, pelos idos de 2018, deu início a sua criação, dentro do espaço cultural do grupo de teatro “Os Pícaros Incorrigíveis”, do qual a artista faz parte. Mnemosine – Porque História é Feminina trata-se de uma performance que traça um paralelo, um risco histórico e social das mulheres nos últimos 300 anos, e que através de narrativas autobiográficas, fala de marcos legais, como o direito ao voto. Em 2024, Mnemosine, que é considerada mutante por sua autora pelo fato de estar sempre em modificação e com novas histórias, circula pelo Ceará sem data de término por ser um trabalho de teor poético que conta narrativas de mulheres.
O cenário é simples: cadeiras espalhadas ao redor de uma mesa com cartas sobre ela e uma contadora de histórias ao centro. Mesa posta, vamos ao jogo.
As histórias são contadas a partir de um jogo de memórias. Cartas com imagens de mulheres são dispostas na mesa e as pessoas procuram os pares. A cada acerto, a história da mulher na carta é narrada por Paula Yemanjá. O público pode ouvir histórias de mulheres muito conhecidas como Maria da Penha, que gerou a lei contra violência doméstica, como também ouvir a história de Violeta Arraes, que foi a primeira secretária de cultura do estado do Ceará. As pessoas ainda podem ser surpreendidas ao relatarem histórias de mulheres consideradas importantes para elas, que até então não possuem seu nome marcado dentro da história oficial escrita. De uma maneira descontraída, a interação acontece, aproximando assim as pessoas ali presentes.
“O espaço também é aberto para histórias de narrativas mais íntimas, cotidianas. Se a gente não contar as histórias de nossas mães, de nossas tias, de nossas ancestrais, elas vão se perder, principalmente hoje, nesse fluxo de informação”, pondera a artista Paula Yemanjá.
Histórias são preciosas. Paula sabe disso. Por isso guarda, através da palavra, seja ela escrita ou falada, as narrativas que lhe chegam. E já se vão 23 anos de histórias, ou melhor, contando histórias.
Acompanhe @paulayemanja e saiba onde e quando ouvir suas boas histórias.
Narayana Teles
A Rádio Eixo conta com o fomento do FAC - Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.
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