Programa Clandestino 127 – La Yegros
Este Programa Clandestino será dedicado à cantora e compositora de origem argentino, Mariana Yegros, mais conhecida como “La Yegros”.
A seguir oferecemos a transcrição das falas explicativas do capítulo.
Lembrando que o Clandestino toca sempre na Rádio Eixo aos domingos às 14h.
Com reprises: terça às 02h, quarta 12h e sábado 22h.
E se perdeu o programa ao vivo, pode escutar (na semana seguinte) na plataforma Soundcloud: https://soundcloud.com/radioeixo/sets/clandestino
Nota 1
Está começando agora mais um programa Clandestino, aqui na Rádio Eixo que neste ano, nessa temporada, é realizado com o auxílio do Fundo do Apoio à Cultura do DF, FAC-DF. E, dessa vez, vamos dedicar o nosso espaço à interessantíssima cantora e compositora e artista Mariana Yegros, mais conhecida como La “Shegros”, como diriam no seu país natal, Argentina. Esta interessante artista argentina, se caracteriza por misturar alguns ritmos latino-americanos com sonoridades mais eletrônicas, mais contemporâneas, por assim dizer.
Ela é conhecida no âmbito da Cumbiaeletrônica, às vezes chamada Tecnocumbia. Inclusive, o seu primeiro disco foi lançado com a gravadora ZZK Records, que é uma gravadora que nasceu nas festas do clube Zizek, lá na Argentina, que era especializado precisamente em Cumbia e outras sonoridades eletrônicas. Com essa gravadora La Yegros gravou esse seu primeiro disco, Viene de Mi, que dá o nome à música que a gente começou a escutar nesse programa. E onde realmente ela se destacou dentro desse mundo da nova Cumbia, da Cumbia eletrônica, mas também dos chamados ritmos folclóricos, do chamado folclore, junto com sonoridades mais eletrônicas, com sonoridades mais contemporâneas, mais modernas.
Mas ela não gosta de ser definida como uma artista que faz Cumbia ou que faz tecnocumbia. Aliás, nesse seu primeiro disco tem poucas músicas que podem ser definidas realmente como cumbias. Ela gosta mais de ser definida como alguém que faz música eletrônica combinado com ritmos latino-americanos. Nesse nosso programa, então, vamos acompanhar um pouco da discografia de La Yegros, que lançou até agora quatro discos. Começou no ano de 2003, com o disco que precisamente ocupará o nosso primeiro bloco, escutaremos dele uma seleção de músicas. E nesse ano de 2024, lançou o disco Haz, mas acompanharemos também o disco Magnetismo de 2016 e o disco Suelta de 2019 em cada um dos blocos. E nesse primeiro bloco, o disco Viene de mi, que foi gravado na Argentina. Dá para perceber realmente que ela recebeu a colaboração de um velho artista conhecido já do nosso programa, como é o Gustavo Santolalla. Realmente dá para perceber alguns arranjos, algumas melodias de cordas, dá para perceber que ele está ali no meio e que tem o seu “pezinho”, a “patinha” do Gustavo Santolalla nessa produção. E também vamos escutar uma música na qual ela recebeu a colaboração da interessantíssima artista Miss Bolívia. Vamos começar então esse nosso primeiro bloco, escutando um pouco do primeiro disco de Las Yegros, que foi lançado em 2003. Las Yegros nos traz essa mistura interessante, essas releituras de vários ritmos latino-americanos, uma chave moderna, uma chave contemporânea, uma chave eletrônica. É, como sempre, um programa clandestino, máquina, ajoelho.
Nota 2
Vamos dando continuidade ao nosso programa Clandestino, dessa vez escutando e falando um pouquinho da carreira de Mariana Yegros, conhecida como La Yegros. Nesse nosso segundo bloco, escutaremos algumas músicas do disco Magnetismo, lançado em 2016 com a gravadora Soundway Records. La Yegros realmente é uma artista claramente reconhecida, mas talvez é mais conhecida na Europa, na França, mais que no seu próprio país de origem, já que ela foi morar na França, ficou por lá e por lá e bem conhecida. Mas a história de La Yegros está extremamente ligada com seu país, com seus pais, com sua mãe, com sua família, já que ela vem de uma família de imigrantes da região de Corrientes, lá na fronteira com Paraguai, com o Brasil também. São claras na sua música essas influências. Ela gosta sempre de contar que quando ela era pequena, recebeu as influências da música do seu pai, da sua mãe. Ele escutava chamamé, que é um ritmo tradicional, tradicional não só no norte da Argentina, mas também no Paraguai, e também no sul do Brasil, onde nesse lugar é reconhecido como patrimônio cultural, onde se usa muito a sanfona, com umas letras bem interessantes, se fazem umas rimas, uns acordes bem particulares, e era o que o seu pai a escutava aos finais de semana, quando estava construindo a sua casinha com a ajuda da sua mãe, que, pelo contrário, preferia escutar Cumbia, cumbia colombiana, cumbia argentina. Escutava muito e escutava o grupo Wawancó, e assim ela cresceu escutando essas influências musicais e decidiu virar cantora.
Mas, paradoxalmente, ela não começou tocando essas músicas que a gente vem falando, Cumbia, ou Chamamé e outros ritmos tradicionais, mas entrou na escola de música e estudou canto lírico, canto clássico, estudos que largou rapidamente, pois ela mesma entendeu que não era o seu caminho. Inclusive, algum professor já lhe insinuara que talvez não era o seu caminho e quase que largou a música, sem muitas possibilidades, até começar a gravar. Vamos escutar, então, nesse segundo bloco algumas músicas do disco Magnetismo, magnetismo que faz uma referência ao magnetismo, aquela atração, aquele vínculo particular, mágico, talvez metafísico que acontece entre os artistas e o seu público. Nesse bloco escutaremos algumas músicas desse discos, como a própria música Magnetismo, que dá o nome ao álbum. O disco tem outras músicas bem interessantes como Canavalito e Chicha Roja que tem um videoclipe bem interessante, bem bonito, videoclipe feito em animação que faz referência a Chicha Roja que é a bebida produzida a partir do milho, de alguma das muitas variedades do milho que tem no nosso continente sul-americano, nessa música ela vai falar com a Chichera, a senhora que prepara a Chicha, esse belíssimo videoclipe que recomendamos dar uma procurada e assistir. Nesse nosso segundo bloco, escutaremos então algo da produção artística de La Yegros, aqui no programa clandestino, sempre na Rádio Eixo.
Nota 3
E vamos abrir o nosso terceiro bloco do programa Clandestino dedicado dessa vez a La Yegros que vem lá da Argentina com seu trabalho de reflexão, de exploração, de estudo e de pesquisa dos ritmos latino-americanos através da eletrônica e através de instrumentos mais modernos. E, no ano de 2019, ela lança o disco Suelta, um disco bem interessante que continua nessa linha de pesquisa dela, nessa linha de investigação dela, de ver as suas raízes e dar um tom, talvez, um pouco mais global. E nesse disco, dá para ver realmente essa sua exploração. A gente vai escutar algumas músicas, por exemplo, poderíamos notar que na primeira música, A ver a ver, realmente tem uma influência eletrônica, quase de boate, de discoteca, bem forte, mas depois tem músicas como Linda La Cumbia e Sube La Pesión, onde claramente tem uma essência de percussão latino-americana, também a música Alegria, onde evidentemente tem uma influência do bombo legüero, tem uma influência de ritmos andinos, talvez não dos instrumentos originais dos ritmos folclóricos, como se diz às vezes, dos ritmos folclóricos latino-americanos, mas no ritmo, a marcação realmente remete a esses ritmos andinos e remete àquela tradição que a gente já viu, no nosso primeiro bloco, da infância dela, onde escutava os ritmos mais clássicos da cultura do seu país e onde foi transformando eles e foi trabalhando eles.
Esse trabalho está muito bem produzido e que talvez marcou a sua consolidação entre o público europeu, onde ela mora até agora. Sempre levando essas sonoridades que ela conta que talvez, por exemplo, na França, tenha uma facilidade de chegar no público, no nível dos franceses, através de instrumentos como, por exemplo, a sanfona, o acordeão, que não são estranhos nesse público, mas que se junta com outros instrumentos interessantes, como o cuatro, como o charango, onde então entra outro tipo de som, entra outro tipo de influência, e assim acaba enriquecendo o cenário cultural europeu. Então, La Yegros, com esse disco Suelta de 2016, vai ocupar esse nosso terceiro bloco do programa Clandestino.
Nota 4
E vamos fechando o nosso último bloco do nosso programa Clandestino, dedicado à interessantíssima artista, cantora e compositora, La Yegros, que é muito conhecida na Europa, também pelas suas turnês. Ela fala que a maior parte do tempo encontra-se fazendo turnês, às vezes em grandes teatros, badalados, e outras vezes em pequenas cidades de província, onde o público sempre vai ser muito lindo. E é famosa também, ou é conhecida também, por dar um cuidado muito especial ao cenário no qual ela trabalha. Lembrando-nos que ela estudou canto lírico, mas, jamais exerceu, digamos, essa sua profissão. Aí foi estudar também decoração, desenho de modas, e isso fica muito claro, não só nas capas dos seus discos, não só nos figurinos que ela usa durante os seus shows, mas também na decoração que dá nos seus shows, aos seus artistas. Adora as flores, adora as plantas decorativas e assim às vezes cria, digamos, uns pequenos universos florais, feitos de flores, nos quais os seus músicos têm que navegar e têm que entrar ao momento que se apresenta. Vamos então escutar um pouco algumas músicas do disco lançado precisamente nesse ano de 2024, um disco chamado Haz, e que tem algumas músicas extremamente interessantes, como por exemplo a música Donde, que foi lançada, em forma de single, foi lançada anteriormente, e essa música tem participação de um interessantíssimo músico colombiano, Eblis Álvarez, dos Meridian Brothers, do qual já temos falado várias vezes nesse nosso programa Clandestino.
Enfim, é um disco recém-lançado, mas que já mostra, que prova definitivamente que La Yegros faz parte do cenário musical contemporâneo, faz parte das músicas das artistas mais interessantes da cena eletrônica e da cena latino-americana, ainda sendo talvez mais reconhecida na Europa, na França e no país onde ela mora, mas já planejando fazer alguma turnê, voltar na sua terra natal, da qual realmente nunca se afastou totalmente. Ela conta que cada vez que vai para Argentina, leva uma grande quantidade de malas e enche as malas com tudo que é possível de comida de lembranças para não se afastar totalmente da sua gente. Então, é Mariana La Yegros trazendo um pouco da sua música, um pouco do seu trabalho, da sua química, aqui no programa Clandestino da Rádio Eixo.
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