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Paola Antony

Tainara Takua

Cantora e compositora indígena apresenta seu canto sagrado na Aldeia Multiétnica.

Paola Antony



Jovem cantora e compositora guarani Mbya, Tainara Takua nasceu e cresceu na aldeia Yyn Morõtin Wherá, em Biguaçu, Santa Catarina.


Sua mãe era a liderança do coral da aldeia e grande rezadora. Seus avós são líderes espirituais, anciões e curandeiros do seu povo.

Tainara foi uma das vozes infantis do coral, mas conta que seu interesse pela música veio mesmo por volta dos 15 anos, quando teve contato com o violão – momento em que passou a participar das cerimônias e ouvir conselhos dos avós e de sua mãe, com quem aprendeu seu canto sagrado, além de exercitar a voz.


Aos 17 anos, a então jovem adulta decidiu levar a sério a carreira musical, e tornou-se uma das primeiras mulheres a tocar a violão guarani, uma vez que, na tradição de seu povo, mulheres não tocam violão.


Não foi fácil, comenta Tainara. “Digo que não foi fácil porque teve todo um processo de preparo. Na tradição guarani, para tocar violão ou qualquer outro instrumento, a gente tem que viver uns ritos de passagem que, no meu caso, foi colocar as mãos no formigueiro e deixar elas lá por uns 15 a 20 minutos. E foi aquela formiga vermelha que a gente chama de "talitata" e aí, fiz isso por 3 luas novas, 3 meses. E toda vez que eu fazia tinha que tocar violão o dia inteiro. Meu avô falou assim: pra você tocar o violão, você tem que aprender sozinha”.


Tainara nos contou também que precisou enfrentar os mais conservadores, mas que teve o apoio da família (mãe e avós) para romper com a tradição. “Teve momentos que houve comentários. Que isso não era legal, que isso não era para mulher e eu simplesmente ignorei todos esses fatos e falei para o meu avô, eu vou. Eu vou fazer o que estou fazendo. Vou seguir o meu caminho com o violão, porque o violão faz parte da minha vida agora. Ele é o meu braço direito”.


Dentro da Aldeia, Tainara não se apresenta. Lá ela reza em grupo e em família – entre eles a reza é cantada. As apresentações que faz são fora da aldeia, como por exemplo na Aldeia Multiétnica, evento que se realiza anualmente na Chapada dos Veadeiros, entre outros. Em suas apresentações, a cantora e compositora leva consigo o conhecimento da cultura guarani de diversas maneiras. Desde a pintura de corpo e os adornos de seu povo, até a língua e a musicalidade dos Guarani Mbya, além dos temas de suas músicas, que falam da relação do homem com a natureza e da gratidão. “Eu falo do quanto a gente é abençoado por ter essa natureza e para a gente valorizar mais essas águas, as árvores, os animais, pássaros, o vento, o calor”, diz a artista.


Hoje, Tainara Takua tem 22 anos de idade e vive no sul da Bahia, na Oca Yary, onde expande e compartilha sua medicina de cura, que é seu canto sagrado. Ela tem um EP lançado com 5 canções, em seu idioma Mbya, que se chama Cantos Sagrados Guarani e que está disponível nas plataformas de streaming.

 

Visite a página da artista no instagram, @Tainara Takua.


 


A rádio Eixo conta com o fomento do FAC – Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

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