Paola Antony
Exposição virtual apresenta uma coleção de vaginas imaginárias para a Barbie e idealiza uma cura simbólica para a boneca mutilada.
Foi em um divertido encontro entre amigos e visitantes, no Museu Nacional da República, em Brasília, não por acaso, no dia 8 de março, que Viviane Cardell festejou o lançamento de seu site com a exposição virtual Toy Pussy.
Uma intrigante apresentação de vaginas para a boneca Barbie, modeladas em diferentes propostas estéticas e bem coloridas que buscam também representar diferentes coleções, assim como a boneca, e que são apresentadas ao internauta como produto de venda.
O site, www.toypussy.com.br, também oferece um texto esclarecedor sobre o projeto, que nos faz compreender porque a artista, também antropóloga, se dedica ao tema e traz reflexões sobre como se comporta uma sociedade consumista diante da indústria cultural que sustenta a boneca Barbie.
Em conversa com Viviane Cardell, ela nos disse que “o trabalho tem essa pegada lúdica, mas ele basicamente é uma crítica à própria boneca e a tudo que ela representa em termos de repressão sexual. Essa boneca tem um vazio entre as pernas desproporcional, que é uma coisa plana, que não chega nem a ter insinuação de púbis e cujo seios não tem mamilos, quer dizer, é uma proposta de alienamento total do corpo feminino, de apagamento mesmo. Pra quê? Para tornar esse corpo um mero cabide, um mero manequim, receptáculo de bens de consumo. E as meninas vão aprendendo, as crianças vão crescendo com essa mentalidade de consumir, não importando o próprio corpo”.
E aí vem a provocação. Viviane dedicou-se por anos a produzir essas vaginas e as apresenta ao público e ao consumidor da mesma forma que a boneca, embaladas como brinquedo e à disposição no site, em giro de 360 graus. Desta forma o interessado pode escolher a vagina que preferir e ainda se diverte com os vídeos de apresentação que trazem um brevíssimo diálogo ou monólogo interpretados pelos atores Clarisse Cardell e André Amaro, reforçando a provocação.
Marcelo Feijó, um dos visitantes da noite de lançamento, conta à rádio Eixo sua impressão sobre a exposição Toy Pussy: “eu achei muito interessante, muito saborosa. Uma coisa que me impressionou é que é difícil, dentro das artes plásticas, você fazer um trabalho que questiona um problema, no caso aqui, a questão do corpo feminino, e ao mesmo tempo é muito divertido, engraçado, com muito bom humor. Então eu acho que essa conjunção do humor com a abordagem de um problema funcionou muito bem”.
Portanto, aos interessados, cabe agora uma visita ao site para a apreciação da exposição que segue somente em formato virtual.
Pelo próprio site, caso haja interesse, é possível realizar a compra das obras.
A Rádio Eixo tem o patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultural do Distrito Federal.
Escute a matéria em: https://soundcloud.com/radioeixo/sets/jornalismo-radio-eixo
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