Paola Antony
Durante o mês de janeiro Brasília recebeu mais uma vez, talentosos músicos para participar do 45º Curso Internacional de Verão de Brasília. CIVEBRA.
Entre os convidados para os recitais estava o violeiro Roberto Corrêa que presenteou o público com uma noite especial ao prestar homenagem ao maior clássico da música caipira, “Tristezas do Jeca” de Angelino de Oliveira. A canção completa 100 anos de sua primeira gravação em 2024 e é “grande exemplo da notável fluidez que marca a transição entre o meio rural e o urbano, pelo menos em termos de música brasileira”, segundo texto publicado por Carlos Haag na Revista Pesquisa Fapesp.
Uma das maiores referências da viola caipira no Brasil, Roberto Corrêa, apresentou um espetáculo leve e contagiante, repleto da influência musical do interior do Brasil e levou o público a uma grande cantoria.
Confira nossa conversa:
Paola Antony - Roberto, porque você acha que Tristezas do Zeca se transformou em um Clássico?
Roberto Corrêa - Tristezas do Jeca de acordo com o pesquisador Jairo Severiano, foi composta em 1918 e no ano de 1922 ela já estava bem espalhada pelo interior do estado de São Paulo e recebeu sua primeira gravação em 1924 pela orquestra Brasil América já se tornando um clássico e diferente do que estava sendo gravado na época pelos cantores. Logo em seguida, em 1926 o cantor Patrício Teixeira gravou e pronto. Mas ela só foi entrando no universo caipira com a gravação de Tonico e Tinoco que se não me engano foi em 1947. Era uma canção como se fosse uma seresta, ela não tinha essa ligação direta com as duplas caipiras. A canção trata de um assunto na época em voga que era o Jeca, o Jeca Tatu, mostrando as tristezas de um Brasil de interior e caiu no gosto popular.
Paola Antony - Tristezas do Jeca te influenciou ou te influência musicalmente?
Roberto Corrêa - “ Sim, Tristezas do Jeca foi e é uma música muito importante na minha vida. Sou um compositor caipira e de viola e eu fui conhecendo esse universo das duplas caipiras, das músicas antigas no decorrer da minha vida, pesquisando, ouvindo no rádio, aprendendo, tocando, fazendo dupla, cantando em dueto com meus amigos e Tristezas do Jeca sempre presente. Tanto é que na minha primeira participação em disco, que foi um disco da Funarte, chamado “Marvada Viola”, em que vários músicos participaram, eu gravei “Tristezas do Jeca” juntamente com Sivuca em 1986. Três anos depois eu gravei meu primeiro disco solo só com viola, um disco muito importante pra mim, produzido pelo Pelão, grande produtor e a primeira música do disco é exatamente Tristezas do Jeca. Então essa música vem me acompanhando desde que eu me entendo como músico, como artista. E ter feito esse recital logo no início de ano de 2024, festejando essa composição me fez muito feliz. O espetáculo foi muito bonito porque a gente colocou a letra projetada no palco com a escrita original de 1924 e todo mundo cantando junto foi uma maravilha! Espero festejar essa composição durante todo o ano”.
O Curso Internacional de Verão de Brasília – CIVEBRA, segue apresentando uma série de concertos e recitais na Escola de Música de Brasília, com entrada franca, até o dia 27 de janeiro. Vale uma passada por lá.
Roberto Corrêa está na programação da Rádio Eixo.
Acesse: www.radioeixo.com.br
A Rádio Eixo tem o patrocínio do FAC – Fundo de apoio a cultura do Distrito Federal.
Escute a matéria em: https://soundcloud.com/radioeixo/roberto-correa-paola-antony-jornalismo?in=radioeixo/sets/jornalismo-radio-eixo
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